Bisfosfonatos: o que é e como funciona no tratamento da OI

Ao receber o diagnóstico de osteogênese imperfeita, um dos nomes mais citados pelos médicos é o pamidronato. A princípio, o nome pode assustar. Mas entender como ele funciona e por que é usado no tratamento da OI é essencial para lidar com a jornada com mais segurança e clareza.

Neste artigo, você vai encontrar explicações confiáveis sobre o medicamento, seus efeitos, como é administrado e também informações importantes sobre o acesso via plano de saúde e SUS.

O que é o pamidronato e como ele age no corpo

O pamidronato é um medicamento da classe dos bisfosfonatos. Ele atua diretamente nos osteoclastos, as células responsáveis por “desfazer” o osso durante o processo natural de renovação óssea. Em pessoas com OI, onde os ossos são frágeis, essa renovação acontece de forma desregulada, e o pamidronato ajuda a reduzir essa perda.

Com o tempo, ele aumenta a densidade mineral óssea, tornando os ossos mais resistentes.
Mas atenção: ele não repõe colágeno nem age diretamente sobre a causa genética da OI. Seu papel é fortalecer a estrutura óssea e diminuir o risco de fraturas.

Como o tratamento é feito
  • O pamidronato é administrado via intravenosa, geralmente a cada 3 ou 6 meses.

  • A infusão acontece em ambiente hospitalar e dura de 2 a 4 dias, dependendo do protocolo médico.

  • Durante esse período, a criança precisa de monitoramento constante e, muitas vezes, suplementação de cálcio e vitamina D.

O acompanhamento médico inclui radiografias, exames de densidade óssea e exames de sangue para avaliar a eficácia do tratamento.

A dose e a frequência são definidas pelo especialista de acordo com:

  • A idade da criança

  • O tipo de OI

  • O histórico de fraturas

  • Os exames de densidade óssea

O tratamento pode durar anos, e muitas vezes é acompanhado de exames periódicos para avaliar os resultados.

O que esperar após as aplicações?

Os efeitos podem variar, mas é comum observar:

  • Redução na frequência das fraturas

  • Melhora na densidade óssea (avaliada por exames)

  • Diminuição da dor óssea

  • Mais disposição para se movimentar

  • Em alguns casos, melhora na postura e mobilidade

Os resultados são gradativos e perceptíveis com o tempo.

E o ácido zoledrônico? Ele também é usado?

Sim. O ácido zoledrônico (zoledronato) é outro bisfosfonato mais recente e muito mais potente (cerca de 100 vezes mais que o pamidronato). Ele é utilizado com intervalos maiores geralmente uma ou duas vezes por ano e tem mostrado bons resultados na redução de fraturas e aumento da densidade óssea.

Tanto o pamidronato quanto o zoledronato são indicados, e o uso de um ou outro depende da avaliação do especialista e da resposta de cada paciente.

Por que, mesmo após a infusão, podem ocorrer fraturas?

É comum que, especialmente nas primeiras aplicações, algumas crianças ainda tenham fraturas. Isso pode acontecer porque:

  • O efeito do pamidronato é progressivo, e a resposta ao tratamento varia entre os pacientes.

  • O osso ainda está em processo de remodelação e pode continuar frágil por um tempo.

  • Após sentir menos dor, a criança pode se sentir mais confiante para se movimentar, aumentando os riscos de quedas ou esforços inesperados.

Mesmo assim, em longo prazo, o medicamento tem se mostrado eficaz na redução das fraturas e no alívio da dor óssea.

Efeitos colaterais comuns
  • Febre leve após a infusão (nas primeiras 24–48 horas)

  • Cansaço e dor no corpo

  • Náusea ou falta de apetite

  • Redução dos níveis de cálcio no sangue (por isso o acompanhamento é essencial)

Esses efeitos são transitórios e costumam desaparecer em poucos dias.

É possível conseguir o tratamento pelo SUS?

Sim! O pamidronato é utilizado há mais de 20 anos no Brasil em centros de referência, como o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e o Instituto Fernandes Figueira (Fiocruz) no rio de janeiro. Muitas famílias conseguem o tratamento pelo SUS de duas formas:

  1. Solicitação direta ao centro de referência com laudo médico e exames.

  2. Judicialização, caso o medicamento não esteja disponível na região.

Alguns estados já oferecem o tratamento com regularidade, outros ainda exigem mobilização das famílias.

E pelo plano de saúde?

Sim. Planos de saúde costumam autorizar o uso do pamidronato mediante:

  • Laudo médico

  • Justificativa técnica

  • Exames atualizados

  • Pedido feito por um médico especialista em genética, ortopedia ou pediatria

O ácido zoledrônico também pode ser solicitado via plano, embora sua aprovação dependa da política da operadora.

Regulamentação no Brasil

O pamidronato de dissódico é um medicamento registrado na Anvisa desde o início dos anos 2000. Seu uso pediátrico é respaldado por literatura científica nacional e internacional e amplamente reconhecido como tratamento padrão para OI em muitos países.

O ácido zoledrônico também é regulamentado no Brasil e tem sido cada vez mais usado, especialmente em pacientes que não respondem bem ao pamidronato.

O papel da fé e do apoio emocional

O momento das aplicações pode ser cansativo para a criança e para a família. Passar dias no hospital, lidar com agulhas, medicação e rotina diferente mexe com o emocional.

Por isso, o carinho no preparo, o acolhimento durante o internamento e a fé no cuidado de Deus fazem toda a diferença.

“Clama a mim e eu responderei e te mostrarei coisas grandes e ocultas que você não sabe.”
(Jeremias 33:3)

Uma verdade que precisa ser dita

Esses medicamentos fortalece os ossos, mas quem fortalece a alma é quem está ao lado todos os dias. O tratamento funciona, mas o amor, a fé e o cuidado constante da família fazem toda a diferença nessa jornada.

🔬 Referências científicas e técnicas

1. Sobre a ação dos bisfosfonatos (pamidronato e zoledronato)

  • Glorieux FH et al. Bisphosphonates in the treatment of osteogenesis imperfecta. J Clin Invest. 1998;102(3):623-8.
    https://www.jci.org/articles/view/15952

    Um dos principais estudos clínicos sobre o uso de pamidronato em crianças com OI. Mostra resultados positivos na densidade óssea e redução de fraturas.

  • Rauch F, Glorieux FH. Bisphosphonate treatment in osteogenesis imperfecta: which drug, for whom, for how long? Ann Med. 2005;37(4):295-302.
    https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15962755/

    Discussão científica sobre duração, tipos e respostas ao tratamento com bisfosfonatos.

  • Plotkin H. Bisphosphonate treatment of patients with osteogenesis imperfecta. Pediatrics. 2004;114(5):1178–85.
    https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15520107/

    Análise da melhora clínica, incluindo dor, fraturas e densidade óssea.

2. Sobre o ácido zoledrônico (zoledronato)
3. Sobre acesso pelo SUS e regulamentação no Brasil
  • Ministério da Saúde – Portaria nº 19, de 3 de junho de 2003. Institui protocolo para uso do pamidronato no tratamento de osteogênese imperfeita.
    https://bvsms.saude.gov.br
    (Link
    específico pode variar conforme o estado ou versão da portaria local)

  • Revista Brasileira de Ortopedia. Pamidronato: experiência nacional em crianças com OI.
    https://www.scielo.br/j/rbort/a/

    Relato de uso clínico no Brasil com dados práticos sobre resposta ao tratamento.